OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


4.9.07  

Outra vez "A Educação"

Desde que "sou gente" (um acontecimento que se deu ali por alturas do pós-25 de Abril...) que me lembro de as coisas serem assim. Sucessivos ministros e ministras da educação e sucessivos dirigentes sindicais dos professores esgrimem argumentos que "nós" já nem ouvimos. Há sempre um/a ministr@ da educação desagradável e há sempre um/a dirigente sindical desagradável. Nos bastidores desta interminável peça de teatro decadente, pode até ser que a realidade educativa vá mudando, para melhor, se se compararem indicadores e épocas (como também pode ser que o assalto privado à escola pública esteja a esfregar as mãos...).

Mas a questão é outra. Uma estranhíssima coisa que permanece, ministro após mnistro, sindicalista após sindicalista: esta bizarria da precariedade, das deslocações constantes de professores, da falta dos mesmos, e da instabilidade das escolas. O absurdo está tão instalado que suspeito que a maior parte da população ache que "A Educação" é assim mesmo, por natureza e destino.

Talvez o jornalismo português pudesse fazer um pequeno favor à população: comparar o "regime português" com o espanhol, o francês, o finlandês, o polaco, e por aí fora. Será que também andam há mais de trinta anos neste estado de transitoriedade permanente? Será que as rentrées nesses países também são feitas deste caos? Já agora, mais uma comparação, neste caso interna e levando em conta regiões, bairros, classes sociais: será que todas as escolas - e, logo, todos os alunos e professores - vivem em igual instabilidade? É que a pergunta que o cidadão normal faz é esta: qual é a grande dificuldade em ter escolas com quadros estáveis de professores, capazes de construir e sustentar projectos educativos sólidos, cumprindo o serviço público de educação nas respectivas comunidades?

mva | 12:35|