3.7.07
Alter nativos
Ainda bem que também havia este bloco no imenso carnaval (para o bem e para o mal) do Europride de Madrid. Tenho, como muit@s, uma relação complicada com o que se poderia chamar uma "normatividade gay" feita de certas lógicas de género, de consumo, de classe e de corporalidades. Tenho, como muit@s, consciência do carácter contra-cultural das lutas anti-homofóbicas e anti-patriarcais. Mas também sei que as coisas são mais complicadas do que o branco e preto: o mercado pode ser, hoje, um "lugar" de construções identitárias e de transformações, como os movimentos contra-culturais podem ser "puritanos". E vice-versa.
Certo é, no entanto, que as conquistas da igualdade de direitos são recentes. E fizeram-se no quadro da absorção das nossas reivindicações pela democracia liberal e pela sociedade de consumo. Isso não aconteceu sem o radicalismo anterior - quer o da gay liberation de há 30 anos, quer o do Act Up da crise da sida. Em suma: a tensão entre o trio eléctrico patrocinado por uma grande empresa e repleto de musculocas, por um lado, e os alternativos, por outro, é uma boa e necessária tensão para os tempos próximos. Sobretudo nos países onde já se conquistou muito.
Como se diz no post, a Associação ILGA-Portugal apostou bem: inseriu-se no cortejo principal, e não abdicou de transmitir uma mensagem política.
mva |
08:57|
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