OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


4.5.07  

O assunto mais chato do momento

Claro que se deve proibir o fumo nos espaços públicos fechados. Mas se uma proibição destas se aplicar de forma cega e inflexível, fica aberto o caminho para o moralismo fascizante. Acreditem que sei do que falo - como o sabem todas as pessoas que já tenham passado uns tempos nos EUA, por exemplo. Qual a flexibilidade possível, então? Desde logo, nos espaços de diversão que, tal como em Espanha, devem poder ser eles a escolher se permitem ou não fumar, se querem ou não ter zona de fumadores e de não fumadores. Em segundo lugar, nos espaços semi-privados dentro de espaços públicos há (deve haver) margem de manobra: por exemplo, não há razão para não ser possível fumar num escritório, fechado, ocupado por um ou dois fumadores, dentro duma empresa; assim como não há razão para que todo um hotel seja não-fumador; ou para que seja proibido fumar num prédio inteiro, quando se aluga um apartamento. Etc. Estabelecido o princípio geral da proibição de fumar em locais públicos fechados, deixe-se depois funcionar a negociação de interesses. No caso dos estabelecimentos de diversão, deixem o mercado funcionar (e esta, hein?); no caso dos locais de trabalho, deixem a negociação de proximidade (a democracia?)funcionar.

mva | 09:48|
Comments:
Pois é, Miguel, puro bom-senso. Mas parece que as nossas sociedades preferem este lento mas claro processo de controlo fascista do Estado sobre os hábitos dos cidadãos e, mais ainda, sobre as relações entre cidadãos. Nada de deixar espaço às pessoas para resolverem seja o que for entre si. Porque seria disso que se trataria, não é? Nem é bem o mercado (por si), é a interacção entre os cidadãos.
 
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