OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


24.5.07  

Do desvio e da anormalidade fascista

Ou será democrática? No telejornal da RTP 2, o líder do PNR foi entrevistado. Em estúdio. O que significa que foi convidado. Aliás, no fim, a locutora disse ter tido "muito gosto", ao agradecer-lhe a presença. Parabéns à RTP: acolheu o neo-fascismo no serviço público da democracia (provável justificação bonacheirona: "então, eles têm um partido legal..."). A personagem fascista - e só apanhei o fim - perorou sobre um tal de "lobby gay", sobre como proibiria as associações homossexuais, sobre como na comunicação social, nas novelas, nas escolas não se deveria apresentar o desvio e a anormalidade como se fossem normais. A personagem teve, é claro, o auto-controlo retórico para não incorrer em "apelo a crime de ódio". É simples: em vez de dizer "eu prenderia os homossexuais", basta falar em anormalidade e desvio, para que a bonacheirice nacional ache que está apenas a "emitir uma opinião". Daí a achar que há uma simples simetria entre homofobia e defesa dos direitos dos homossexuais (ou, noutras versões, entre os neo-fascistas e os partidos de "extrema"-esquerda) também vai normalmente um pequeno passo.

Isto está giro, está.

mva | 22:48|