OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


6.4.07  

Dois portugais

O episódio da licenciatura de Sócrates e o episódio do cartaz dos Gato Fedorento poderão vir a ser - por estranho que pareça - os dois casos políticos mais significativos deste ano (e estão curiosamente relacionados quer com o episódio da Universidade Independente, quer com o de Salazar vitorioso no "Grandes Portugueses"). O segundo é um sinal de esperança quanto a uma nova forma de fazer política, entrosada com o humor e mobilizando um espírito urbano e cosmopolita que se enoja genuinamente com o Portugal velho e a sua reciclagem na xeno- e outras fobias. O primeiro é um sinal de decadência da classe política do centro governamental, onde até a figura de Sócrates, cuidadosamente construída como "moderna", depende afinal do complexo de Doutor (porque é aí, a essa motivação profunda, que toda esta questão vai dar). Duas políticas, duas culturas - e duas misturas diferentes entre política e cultura.

mva | 12:43|