OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


2.2.07  

(ken*) כֵּן

Vale a pena ler o artigo de Esther Mucznik no Público de hoje, em que afirma ir votar Sim. De facto, só o catolicismo oficial recente e os sectores evangélicos e pentecostais do protestantismo têm um discurso feroz sobre a questão do aborto. Encontraram ali o seu nicho de mercado, por assim dizer. As duas outras religiões "do Livro" - o judaísmo e o islão - não fazem do aborto uma questão fulcral. O aborto é para elas negativo? É. Deve ser evitado tanto quanto possível? Sim. Mas em última instância, vêm cada caso como um caso e a mulher como decisora final sobre o assunto. Há sectores nessas religiões que têm a mesma atitude que o catolicismo oficial; mas está longe de ser generalizada - desde logo pela ausência de Igreja enquanto instituição.

Na batalha contra a laicização do estado e contra o liberalismo, o catolicismo oficial dos séculos 19 e 20 apostou tudo no campo do género, da sexualidade e da reprodução. A sua grande luta centra-se no aborto, nos direitos das mulheres, nas formas de união e casamento, na contracepção e na sexualidade. Simetricamente, é por isso que estes campos são tão importantes (e não marginais ou fúteis ou pouco prioritários) para a afirmação do progresso (não, não desisto de pensar nestes termos, apesar do pós-modernismo...).

*Sim

mva | 11:29|