OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


24.2.07  

A cultura da corte

O evento a que me referi dois posts abaixo - o AEIOT - decorreu com sala cheia. Cerca de 700 pessoas ouviram os membros do governo, culminando com o discurso do primeiro-ministro. Acontece que este conseguiu a proeza de, no seu discurso, falar de todas as discriminações abrangidas pelo plano nacional, excepto a orientação sexual. Zilch. Nada. Acabado o seu discurso, a corte política saiu toda, e na conferência que se seguiu - em que vários oradores abordaram todas as discriminações, e de forma mais crítica e contundante - estariam presentes umas 300 pessoas. Acontece que com a corte política sairam também os jornalistas e as TVs.

(Ao fim do dia folheio a revista Focus. Conseguem atribuir-me uma fantástica frase sobre a importância das uniões civis. É por estas e por outras que já quase só aceito ser entrevistado por escrito. Acontece que sou ferozmente contra a ideia "alternativa" de uma união civil registada (a não ser que exista em paralelo com o igual acesso ao casamento, mas nunca é essa a proposta dos "alternativos" e dos aflitos com a "impreparação do país"), fórmula de segunda categoria, contrária ao princípio da igualdade, e típica proposta da direita pela Europa fora. Percebe-se que os distraídos possam confundir "união" e "casamento". Mas desde quando o jornalismo pode ser "distraído"? A "distracção" foi aliás tal que a infografia na Focus nos informa de uma coisa espantosa: o casamento civil seria igual para heteros e homos na República Checa e no... México).

mva | 11:42|