OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


23.2.07  

AEIO...U

Hoje, no Centro de Congressos de LIsboa, a partir das 15h, é lançado o Plano Nacional de Acção do "Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos" (AEIOT). Este vosso vai lá estar a botar um mini-discurso. Aqui fica:

«Creio que todos e todas conhecem uma frase que se tornou comum no campo da luta contra o racismo e a xenofobia: não existe nenhum “problema judeu”, como dizia Hitler, que precise ser compreendido e explicado. Existe sim um problema anti-semita, que precisa ser compreendido, explicado, e combatido. Raciocínio semelhante pode – e a meu ver, deve – ser aplicado à discriminação com base na orientação sexual. Não existe um “problema homossexual” que precise ser compreendido e explicado. Existe, sim, um problema de homofobia que precisa ser compreendido, explicado, e combatido.

A homofobia é uma estrutura de preconceito: ela é, por um lado, concretizada nas relações interpessoais e, por outro, em instituições, da família à lei. Abrange todas as formas de discriminação contra identidades e comportamentos que não encaixem numa visão normativa do género e da sexualidade (por uma questão de economia, não poderei aqui abordar as especificidades do preconceito contra as lésbicas e as pessoas transgénero, pelo que manterei o discurso a um nível mais geral e inclusivo. Mas gostaria de frisar que o evento de hoje acontece no primeiro aniversário do assassinato da transexual Gisberta Salce Júnior)

O combate à homofobia faz parte – deve fazer parte – de uma agenda anti-discriminatória onde se encontram em pé de igualdade racismo e xenofobia, e o sexismo. O que une estes três fenómenos? Une-os, em primeiro lugar, o facto de serem formas de discriminação que agem contra identidades que não resultam da escolha ou do comportamento dos discriminados (ninguém escolhe ser homossexual; mas a homossexualidade não é tão-pouco biologicamente determinada; resulta sim dos mesmos processos complexos, sem causalidade específica e sem margem de escolha, que levam alguém a ser heterossexual). E une-os, em segundo lugar, o facto de terem por detrás uma longa, violenta e vergonhosa história de opressão, repressão e violência. (...)» [Continuar a ler aqui]

mva | 09:39|