OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


21.12.06  

Mais notícias da pré-modernidade

Um homem ao meu lado no barbeiro. Diz que não se pode acreditar em Carolina Salgado por ser o tipo de mulher que é. E que Pinto da Costa foi ilibado em todas as instâncias. Ela é uma "gaja", ele é um "senhor". "E o que é que ela queria? Ele apanhou-a na cama com outro....". Para corroborar esta "análise" - em que ao pecado de ser mulher acresce o pecado de estar tingida por um passado em casa de alterne - diz que ouviu na TV um senhor dizer que não leu o livro de Carolina, pois considerava-se uma pessoa culta, que só lia livros mesmo-mesmo, como os de Agustina. Ao narrar este episódio, o homem - colocando-se através da citação do lado da "cultura" e contra o "alterne" - não consegue lembrar-se do nome da escritora que o personagem visto na TV referira.

mva | 17:35|