OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


16.9.06  

Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa

Ontem abriu o Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa. Abriu a sua 10ª edição; fê-lo no Cinema S. Jorge - grande, na Av. da Liberdade, simbolicamente importante; e a sala encheu. Tudo isto são excelentes sinais, completados com os quase-compromissos de grande apoio futuro por parte do município.

Pena é que, nos discursos iniciais, a presidente do júri da competição, Ana Zanatti, não tenha conseguido (querido) ir mais além de um discurso nebuloso em que usava justamente a expressão "nebuloso" para referir as consciências ainda preconceituosas que por aí andam. Esta incapacidade de usar as palavras certas ("gay", "lésbica"), de falar directamente de "homofobia", de expressar claramente a reivindicação de "direitos" - em suma, esta incapacidade (ou não vontade) de assumir orgulhosa e frontalmente onde se está, porque se está, e com quem se está, é simbólica do baixo tecto da consciência cívica nacional e da incapacidade/falta de vontade de intervenção das figuras mediáticas.

Pena maior: o filme inaugural, Un año sin amor, premiado com o Teddy em Berlim (como, não sei), é uma enjoativa, aborrecida, lamecha, infantil a nada original peça de decadentismo parapornográfico. Saí a menos de meio.

Estas penas à parte, parabéns a nós tod@s pelo festival!

mva | 10:35|