OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


16.8.06  

O empate

A revelação de que o governo israelense tinha preparado a guerra só pode surpreender os ingénuos. Já se sabe que vai dar pano para mangas para o pensamento futeboleiro (quem perdeu, quem ganhou, quem teve culpa, quem cometeu falta, and so on). Achar, como muitos "conservadores", que o governo de Israel apenas reage (que não tem uma estratégia, por muito má ou iníqua que seja) é uma tolice. Como o é achar, como o fazem agora muitos "progressistas", que o Hizbollah, o Partido de Deus (!), apenas defende os seus e, como tal, é "o que há" e (como tal, again) o que se deve apoiar tacitamente. O "fim" da guerra vai confirmar, em Portugal por exemplo, a obscenidade de assistir à guerra como espectadores de um torneio - esgrimindo ideologias por procuração de mísseis e mortos. É só espreitar blogues e jornais.

PS. Em Culture and Practical Reason, de Sahlins (nos idos dos seventies), conta-se como a introdução do futebol numa sociedade da Nova Guiné levou a um fenómeno curioso: por vezes os jogos duravam dias a fio, de modo a se poder chegar a... um empate. Vendo-se como desiguais, os contendores ritualizaram o jogo, tornando-o numa forma de atingir o equilíbrio... Mas entre "nós", quando há empate nas finais, segue-se o prolongamento...

mva | 12:33|