OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


24.7.06  

nu

Há uma data de anos escrevi uma crónica - sobre nudismo - com este título. Mas hoje regresso a ele apenas pela palavra. Desceu sobre mim outra vez. Acho-a a mais linda da língua portuguesa. Desde logo porque é económica: uma consoante, uma vogal e zás. Depois, pela semântica, obviamente: não só a nudez do corpo, mas a nudez metafórica. Despojada, integral, exposta, primeva. (E o frisson que a palavra provoca). Mas isto de regressar a coisas antigas tem o seu quê: descobri-lhe (duh...) agora outra característica. Se escrita em minúsculas, eis que as letras (já de si belíssimas nas suas curvas) são a inversão uma da outra ? nu é, afinal, uma variante grafada de 69.

mva | 19:20|