OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


27.7.06  

(cont.)

Mas junto com o antisemitismo de águas profundas, temos uma corrente de preconceitos anti-árabes e anti-islâmicos, bem descrita e analisada no clássico Orientalismo de Edward Saïd. Isto nota-se em muitos posicionamentos na discussão portuguesa sobre a actual guerra, assim como se nota o antisemitismo de águas profundas referido no último post. Com o crescimento do fundamentalismo e de alguns grupos terroristas, aquela corrente engrossou, arrastando com ela, no imaginário de muita gente, a maioria dos árabes e muçulmanos absolutamente "normais" (à falta de melhor expressão e por economia de texto...). O antisemitismo ainda vai sendo contido pela memória das tragédias históricas recentes. A existência de Israel (não confundir com as políticas dos respectivos governos) é, de certo modo, a nossa garantia civilizacional de que nos posicionamos contra o antisemitismo. Mas que projecto positivo temos para contrariar o preconceito anti-árabe e anti-islâmico? Durante décadas a causa palestiniana pareceu cumprir essa função nos imaginários. Ainda cumpre?

mva | 11:46|