OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


12.6.06  

Peço desculpa, mas o feeling não é bom

Confesso que estou em estado de semi-choque. Não por comparação com os EUA, que têm q.b. de terceiro-mundismo e barbaridades (e para onde não voltaria agora, a questão não é essa). Não por ter estado fora muito tempo - que não estive tanto assim. Mas a verdade é que, ao andar hoje por Lisboa, não encontrei nada que me agradasse ou fizesse sentir em casa. Desde logo, a sujidade. Depois, o caos urbanístico. Por fim, a desorganização completa. Como extra, o clima político e social.

A sujidade sente-se nas ruas e passeios, no próprio ar, com um vago cheiro a lixo, acompanhado por muito barulho. O caos urbanístico sente-se com os olhos e a caminhar, dos monturos de terras aos matagais que crescem por toda a parte, à feiura da arquitectura. A desorganização completa vive-se assim que se regressa ao local de trabalho e se começa a entrar numa aterrador limbo burocrático, na dificuldade em encontrar com quem falar numa semana de três feriados, e na sensação de que anda toda a gente a tactear no escuro. O clima político e social, curiosamente, partilha todas as características dos outros três problemas, as reais e as metafóricas...

Dentro das quatro paredes de casa ou na companhia de pessoas queridas, maravilha. Mesmo. "Lá fora" - que afinal não é o estrangeiro, mas sim a rua, o trabalho, as notícias - é que não. Terceiro mundo quase puro (isto é: até em ser terceiro mundo falha?).

Agora peço um favor a quem eventualmente já tenha sentido a mesma coisa: como é que se dá a volta?

mva | 17:12|