OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


15.6.06  

Mais uma coisa cheia de nada

Não tenho energia para "falar" sobre os juízes que recusaram a nacionalidade a uma pessoa que não sabia a letra do hino e, suponho, nada percebia de futebol e cantores pimba. A estupidez é sempre uma coisa muito difícil de contra-argumentar. E não me atrevo a começar sequer a dissecar a luta entre sindicatos de professores e ministra da educação (neste caso a estupidez, propositada, é minha...). Em vez disso, reparei como em França parece ter nascido o fenómeno Segolene Royal, possível candidata do PS local a presidente. Nos EUA excitam-se muito com ela, e por cá tropecei num editorial de José Manuel Fernandes idem idem aspas aspas.

Acontece que há tempos, ao procurar materiais sobre o debate em torno dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, e sobre a PaCS em França, passava a vida a encontrar barbaridades, cobardiazinhas e tontices ditas pela referida senhora - bem como por Jospin, homófobo sem consciência de sê-lo (normalmente o pior caso). Agora que está lançada como presidenciável, sentiu necessidade de dourar a pílula. Pior a emenda que o soneto. Leia-se esta tranche barroca de reaccionarismo disfarçado de tolerância:

«Je me suis toujours refusée à instrumentaliser les questions de société pour faire "dans le coup". Il faut donc procéder avec tact et doigté. Plusieurs pays ont avancé. À l'heure actuelle, ma réflexion est celle d'une mère : quel parent pourrait, quelles que soient ses convictions religieuses, s'opposer au bonheur de son enfant si c'est son choix ? La loi doit pouvoir créer cette union en mairie pour permettre à chacun de construire librement sa vie, à égalité de droits et devoirs.» Avant d'expliquer qu'elle préfère «le mot union à celui de mariage pour ne pas bousculer les repères traditionnels, la famille c'est un père et une mère. Mais le débat aura lieu.» (Tetu)

Definitivamente, há muito que nada de interessante politicamente nos chega de França.

mva | 11:50|