OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


5.4.06  



O último a chegar é machão

A resposta de Pedro Bidarra a Sara Martinho denota bem o que é viver num mundo tão "normal", tão "sem problemas", tão... "no centro", que todas as queixas dos outros são tratadas como ridículas (em tempos foram tratadas como "histéricas"; hoje como "politicamente correctas"; e agora até dá jeito falar de "defesa da liberdade de expressão").

Talvez fosse bom fazer notar a Pedro Bidarra que na longa lista de palavrões que cita não há um só dirigido a homens heterossexuais qua homens heterossexuais. A razão é simples: não existem. E não existem porque o centro neutro não é alvo de insulto. A inventar-se um insulto (usando, por exempo, a palavra "machão"), não resultaria como tal.

A outra coisa que (habilmente) Pedro Bidarra evita na longa lista de palavrões são os insultos raciais. Mesmo que não tenha sido consciente, este truque tem um efeito acrescido: retirar "paneleiro" da esfera de equivalência com os insultos raciais, menorizar a nossa alegaçãao de nos sentirmos insultados enquanto categoria social. Pudera: esse é justamente o tipo de operação que o "centro neutro" tem o poder de fazer. E faz.

mva | 18:15|