20.3.06
Os hiperpolíticos
Saddam Hussein (o Saddam no poder, não o Saddam na prisão) podia ser uma personagem de banda desenhada. George W Bush também. A banda desenhada mais cómica - assim como os filmes de série B - inspiram-se na realidade para criar personagens cujos traços - de ridículo, de tirania, de falso puritanismo, ou do que seja - são acentuados.
O que parece acontecer hoje é que há personagens na vida "real" (ainda se pode falar de vida "real" depois dos pós-modernismos?) que imitam as imitações da banda desenhada e da série B. O Saddam Hussein das estátuas, dos murais, das paradas militares e dos bigodes era uma hiper-personagem (ele já conhecia, de certo modo, o modelo do ditador árabe). O George W Bush do falso moralismo, do rancho no Texas, do eixo do Mal e das beatices é uma hiper-personagem (ele já conhece - mais por habitus do que por reflexão, reconheçamos - o que é o modelo do idiota útil).
Percebe-se porquê: eles existem nos media. A única coisa que não podemos esquecer é que este espectáculo tem como efeito colateral vastas quantidades de sangue. Do verdadeiro.
PS: E chez nous, quem são os hiperpolíticos?
mva |
12:00|
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