OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


23.2.06  



Do ódio

Estava no Brasil quando em Brasília um grupo de putos pegou fogo a um homem do grupo indígena Pataxó Hã-hã-hae que estava abrigado numa paragem de autocarro. A ironia trágica é que esse índio estava na capital, integrado numa delegação da sua comunidade, para tratar de questões de direitos de terra com as autoridades. Um dos jovens é filho dum juiz do tribunal federal. Recentemente, em Barcelona, uma mendiga, abrigada num multibanco, foi também queimada por um grupo de jovens. Hoje, em Portugal, ficou a saber-se do assassinato, por um grupo de putos das Oficinas de São José, de uma pessoa descrita como sem-abrigo, toxicodependente e travesti.

Só sei três coisas: rapazes, "integrados", adolescentes, de um lado; índios, sem-abrigo, "travestis", do outro. Será preciso muitos mais casos para "se fazer as contas"?

mva | 09:50|