OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


10.12.05  

Alegre cavaqueira, episódio III

Cavaco e Louçã são ambos economistas. Enquanto tal, situam-se nos antípodas. Mesmo assim, com um campo comum de discussão, e tendo Louçã insistido em olhar para Cavaco e interpelá-lo, Cavaco não lhe deu... o dito. Louçã só tem a ganhar com a atitude opositiva; e Cavaco com o "desprezo". Mas no fim, ser combativo é mais nobre do que fingir que não se está num debate com um adversário.

Quando se chegou às questões "fracturantes" (raio de expressão), Cavaco desfez-se: primeiro na questão da imigração, em que esteve this close de dizer que nunca os imigrantes e seus filhos serão portugueses a sério (this close? Disse-o mesmo....). Quando as pessoas não percebem que dizer coisas destas é puro e simples racismo, das duas uma: ou são estúpidas ou são mal-intencionadas. Depois, na questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Aí, Cavaco estrebuchou, visivelmente incomodado por coisa tão nojenta, e refugiou-se no argumento do "há coisas mais importantes". Quando não se tem a coragem de dizer que se é contra, das duas uma: ou se é estúpido ou mal intencionado.

Louçã - que parecia bem disposto - disse a frase da noite: "Era o que mais faltava!" (o Estado poder/querer impedir o acesso ao casamento por casais de pessoas do mesmo sexo). Teve um ponto negativo: a invocação da criança filha de imigrantes que não pode fazer desporto federado por não ser portuguesa. Os casos "humanos", para mais infantis, nunca ficam bem.

mva | 16:37|