OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


15.7.05  

Capitalismo batráquio.

Já não é a primeira vez. Já me aconteceu com a Netcabo, com a PT, com a TV Cabo. O grupo PT é como as alfândegas antigamente - mal nos aproximamos começamos a tremer. Desta vez foi com o Sapo adsl. Preparamo-nos para activar o serviço e para tal temos que recorrer ao "username" e "password" que vêm num envelope. Acontece que a "password" é formada por gatafunhos ilegíveis e não por letras e/o números . Contactamos a empresa por telefone (o serviço não é gratuito, pagando-se assim a uma empresa PT por causa de um erro de outra empresa PT...) e durante uma hora não se consegue nem ultrapassar o absurdo de alguém que não está preparado para resolver o problema, nem contactar com um responsável. Ficamos sem resposta. Não se vislumbra solução. Ninguém sugere sequer devolução de dinheiro. Nada. A irresponsabilidade é total; os custos tremendos; o serviço, já pago, não pode ser usufruído; a PT é uma... - faltam-me as palavras - merda.

Os senhores que dominam a PT pertencem à categoria, muito na moda, das pessoas que acham o Estado o quinto cavaleiro do apocalipse. Na realidade, a PT funciona tão mal como o Estado, só que agora há alguém a ganhar dinheiro (e por certo não somos todos nós que o ganhamos - nem que usufruimos do serviço). A PT tem uma publicidade muito modernaça, um "packaging" e um "marketing" todos práfrentex e, sobretudo, um quase-monopólio. Mas a qualidade dos serviços, do atendimento e a honestidade dão, no mínimo, mau nome à ideia mesma de privatização. A PT é um dos exemplos do capitalismo à portuguesa. No caso do Sapo, do capitalismo batráquio: inchado, coaxante, de pele venenosa e com a capacidade anfíbia de se esconder debaixo de água ao mínimo problema. Não podemos pelo menos ter um capitalismo que funcione?

mva | 00:20|