12.5.05
Concurso. Entrada 7.
Homens que me perseguem
No banco do largo central Daquela pequena vila litoral Espera-me aos fins de tarde olhos de homens que me perseguem
Vão ali para me verem Para me admirarem Para me condenarem Para me desejarem
Nunca falei com eles, Jamais.
Sei quem são Sei donde são Sei o que querem Sei mais deles Do que eles próprios sabem
Sei que me admiram Sei que me condenam Sei que me desejam
Sei que tem medo de mim Medo do que eu represento De como eu me apresento De como eu ando na rua De como sendo o que sou A minha vida continua Numa vida que acham não poder ser a sua
Sei que tem medo de mim Medo de que fale com eles Se as pessoas sabem o que sou E se pensam que eles são Então decerto que aquele que comigo falou Há-de ser tanto como eu sou Um homem de perdição.
Sei que me admiram Pela minha assunção Represento para tantos homens Aquilo que nunca serão!
Sei que me desejam Que fale com eles Que lhes toque Na privacidade do banco de trás de um carro Na escuridão de um quarto alugado.
Mas nunca falei com eles, Jamais.
Sei quem são Sei donde são Sei o que querem Sei mais deles Do que eles próprios sabem
Sei que se com eles falasse Tudo negariam em exaltação - Que era importante que o povo soubesse Quem começou com a conversação: Eu!
Por isso nem adianta conversar!
Os olhos dos homens que me perseguem São os mesmos que se masturbam culpabilizados Se deitam ao lado da mulher Depois dos miúdos já estarem deitados.
Oamis Seutam.
PS: O concurso acaba amanhã! (E não, não é um concurso só de poesia...)
mva |
19:15|
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