11.5.05
Coletes de alta visibilidade.
Talvez só hoje tenha respirado desde que regressei de Barcelona. Um regresso apressado pela morte duma pessoa querida da família transforma o regresso numa estranha experiência. Ao nevoeiro do luto seguiu-se o confronto com a já escandalosa falta de profissionalismo da terra, em assuntos-barra-contratempos a tratar. E o nevoeiro da memória colectiva, com uma sessão sobre o Holocausto no Instituto Goethe. E a convenção do Bloco. E n-mails (mais apropriado que e-mails) sobre isto, aquilo, não-sei-quantos e aqueloutro. E aproxima-se um Elas em Marte sobre homossexualidade, uma mesa sobre a "Constituição" Europeia no Forum Social em Évora, a concentração anti-homofobia em Viseu...
Hoje reemergi um pouco: nos correios, levantando uma caixa com livros enviada de Barcelona, aproveito para comprar um "colete de alta visibilidade" para o carro, a última moda-barra-lei da terra (os Correios são agora lojas de conveniência; também havia Paulo Coelho à venda - literatura de alta visibilidade...) . Páro no meio da rua e penso: como é que numa terra com tantas solicitações, tantos telefonemas, tantas iniciativas, tantos encontros, debates, conferências, colóquios, seminários, programas, tertúlias, congressos, reuniões, vamos-tomar-um-café, vamos-almoçar e quando-é-que-a-gente-se-vê, não acontece, afinal de contas, nada?
Recomecei a ler, agora a sério, o Medo de Existir.
mva |
18:56|
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