OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


18.4.05  

Euskadi.

Embora tenha ganho, Ibarretxe perdeu as eleições bascas. Com a diminuição da percentagem de voto no seu partido e a perda de alguns deputados, o seu "plano" foi por água abaixo. Os socialistas subiram (e os outros "constitucionalistas", os Populares, aguentaram-se). Ilegalizado por duas vezes, o sector "batasuna" consegue subir depois de ter dado apoio ao desconhecido Partido Comunista das Terras Bascas. Os dados estão lançados de novo num território que nos parece sempre "estranho" (a "nós", portugueses...): compreendemos o nacionalismo catalão, maioritário e pacífico; compreendemos o nacionalismo galego, minoritário e também pacífico; temos dificuldade em compreender o nacionalismo basco, que se nos apresenta simultaneamente minoritário e pouco pacífico (a quarta variante não existe: um nacionalismo maioritário e violento - a haver já teria resultado numa independência nesse território imaginário). É claro que esta tipologia vale pouco: nacionalismos há muitos, e não há uma clara dicotomia entre "violência" e "pacifismo". No País Basco a "coisa" só se resolve sentando à mesa parceiros muito diferentes: "constitucionalistas" de direita e esquerda, nacionalistas de direita e esquerda e, entre estes, mais e menos "pacíficos".

PS: A revista do Público do fim-de-semana passado tem um interessante artigo sobre a imigração portuguesa no País Basco. Assusta por duas razões: relembra-nos que a imigração portuguesa continua a existir (uma imigração de gente absolutamente marginalizada pela "modernização" nacional); e revela um certo País Basco, xenófobo e umbiguista.

mva | 18:25|