OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


6.3.05  

Locutorio.

Sinto-me um verdadeiro voyeur. Ou estas pessoas nos locutorios entram numa espécie de pacto social de suspensão da intimidade, ou são muito ingénuas: é que falam a alta voz ao telefone como se ninguém em redor percebesse o que dizem - quando justamente são lugares de alta concentração de estrangeiros. Se outro dia era o instrutor de capoeira brasileiro que explicava como era confortável viver agora com "uma bicha", hoje é uma latino-americana que está a dizer "é que o seu marido engravidou-me, vou ter um negrito ou uma negrita, e ele não quer responsabilizar-se, por isso estou a falar com a senhora...". A tragicomédia humana continua produtiva.

mva | 15:17|