OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


20.2.05  

As pequenas manipulações.

1) Chamem-me paranóico. Mas estava a ver o jornal da SIC Notícias das 14h e Paulo Portas foi entrevistado enquanto eleitor e como todos os outros líderes. Tudo bem. Só que às tantas faz o comentário simpático e humorado (tudo bem) sobre como hoje não se pode falar de política. E termina a frase colocando as duas mãos no ar, com os dedos bem abertos - precisamente o gesto que repetiu ao longo da campanha para pedir 10%. A entrevista terminou assim, deixando no ar a ambiguidade do gesto (que ele justificaria como ilustração da proibição de fazer campanha, como um sinal de "stop").

2) Numa mesa de S. Sebastião, na escola Marquesa de Alorna, familiares meus deparam-se, pela segunda eleição consecutiva, com uma membro de mesa que ostenta, ao lado da urna, um livro regligioso. Desta feita era uma coisa qualquer sobre franciscanos, com um padre na capa. Fizeram queixa. O senhor responsável pela assembleia de voto disse que aquilo não era propaganda. Um dos meus familiares respondeu, e bem, que já é demasiado crescido para se convencer de que um livro religioso numa secção de voto não é propaganda eleitoral - num país onde tanto se joga no campo dos "costumes", com a ICAR intervindo com toda a sua força. A queixa foi redigida (não há formulários de queixa, é preciso redigir uma coisa extensa em legalês tuga).

mva | 17:11|