OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


25.1.05  

Escolha.

Bagão Felix chama o BE de neo-fascista; no DN, publica-se hoje este rascunho de estupidez; gente que defende a actual lei do aborto e o julgamento de mulheres, chamando a isso "direito à Vida", defende o fundamentalismo de Paulo Portas acusando Louçã de homofobia, sob o eufemismo de "ataque à vida privada"; e gente que não levanta um dedo contra a homofobia e que perpetua diariamente o armário, apresenta-se agora como paladina das liberdades... O rol é interminável. Quando uma polémica começa, tende a perder o pé rapidamente. No caso presente, trata-se do esquecimento (ou da tentativa de fazer esquecer?) a questão do aborto e a questão da arrogância fundamentalista de Paulo Portas.

Perante este cenário, aplaudo o facto (P. Portas tê-lo-ia feito em circunstâncias semelhantes?) de Louçã ter respondido no Público às críticas que lhe foram dirigidas nesse mesmo jornal. Esquece a infelicidade da frase que usou? Sim. Mas, pelas razões que expus acima, já não me interessa. Sinceramente: já não me interessa. Porque o sexismo e a homofobia à portuguesa (feitas sobretudo de vendas nos olhos, assobiar para o ar, hipocrisia e armário) reforçam-se na reacção de falsas virgens ofendidas e de falso progressivismo simbolizada por esta onda de epítetos ("neo-fascista"??!!) lançados ao Bloco.

À boa maneira do "capitalismo selvagem", a direita portuguesa faz tudo o que for possível para atingir os seus objectivos: até fingir-se de esquerda.

mva | 13:09|