OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


28.12.04  

Um amor pegado.

Uma pessoa acorda e lê isto. Custa acordar para o dia com as fervorosas declarações de amor da deputada do partido da gestão. O problema começa por ser estético (pois julgávamos já não haver poesia assim, com a excepção do poeta clínico e cronista do Público, Pedro Strecht, claro), mas rapidamente se torna político. E como a função de um blog também é contextualizar o que os jornais não contextualizam, convém dizer o seguinte: Isilda Pegado é a deputada que fez a declaração de voto na AR em nome de um minúsculo grupo de deputados que se pronunciaram contra a alteração do artigo 13 da Constituição. O imensamente oferecido amor da natalícia deputada Pegado não abrange a protecção dos direitos dos homossexuais. O amor despegado desta carta escrita num registo entre a produção Disney e a reunião de catequistas num vale profundo e húmido da Ibéria, é como o amor por um animal doméstico: "senta!", "deita!", "cala-te!" Ou como a estranha forma de amor da ortodoxia da ICAR: "Amo-te, ouviste!? (e entre dentes: "maldito pecador...!").

Só nos resta amar loucamente esta gente nas urnas.

mva | 13:16|