OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


19.12.04  

Entrevista a Frederico Lourenço na Pública, (ou de como é saboroso uma pessoa não se sentir só...).

«P - O antropólogo Miguel Vale de Almeida, um activista da causa, considera que uma das razões que levam Portugal a ser diferente de Espanha quanto aos direitos dos homossexuais é não haver muitas figuras públicas capazes de assumirem a sua homossexualidade. Esta é uma batalha sua? Tendo em conta que já falou publicamente no dever de lutar contra os preconceitos...
R - Sinto que tenho algum papel a desempenhar. Este livro ["Amar Não Acaba"] também é a consequência de cartas e mails que recebo de muitos sítios em Portugal, de pessoas a acharem que eu as tinha ajudado imenso, porque onde viviam, em Portalegre ou em Miranda do Douro, era uma coisa muito restrita, e ver uma pessoa com um aspecto vagamente normal, que fala disso, pareceu ajudá-las. Se ajudar pessoas mais jovens a ter uma relação menos complicada com a sua sexualidade, isso é bom.
P - Mas partilha da visão crítica...
R - Dessa, do Miguel Vale de Almeida, não. Por muito que o admire.
P - Porque é que há tão pouca gente a dar a cara?
R - Vasco Pulido Valente respondeu a isso no PÚBLICO há dias quando disse que Portugal passou de um país rural a um país da União Europeia em que as pessoas podem ter grandes carros e casas, mas no fundo são as mesmas, com as mesmas mentalidades.
É preciso esperar uns anos. Espanha não é um país tão rural, basta ver as grandes cidades, nesse aspecto, é mais parecido com a Alemanha. É um país com uma enorme burguesia culta. Não temos cidades como Valência, Murcia, Barcelona, Sevilha, San Sebastian, Santiago... cidades de alternativa a Madrid. Portanto, é natural e compreensível. Não me insurjo contra isso, não vou conquistar essas pessoas, não é pelo Miguel Vale de Almeida ou eu ou dezenas de pessoas assumirem a sua sexualidade que isso irá ter influência. Terá muito mais o facto de as pessoas se educarem, terem mais cultura.» (ler o resto).

mva | 13:02|