7.12.04
Condição impura.
Outro dia, na série City Folk, aparecia uma jovem de Zabreb que ensinava dança do ventre. Era filha de um egípcio e duma croata. Tinha nascido na Somália e era muçulmana. Depois das suas aulas como professora, ia para o centro judaico aprender danças judaicas. Porque gostava. Os seus amigos em Zagreb eram gente de todo o mundo, incluindo croatas. Vemo-la, a certo ponto, falar via net e webcam com os pais, emigrados nos EUA.
Pessoas assim há aos montes. Bem como pessoas como um brâmane indiano que aprecia o facto de a constituição do seu país querer abolir as castas; ou judeus seculares que, mesmo assim, se identificam como judeus; ou portugueses que recusam o catolicismo como parte da sua identidade; ou católicos a favor do aborto; ou... (a lista é infinita).
Para quê estes exemplos? Porque são eles que podem ajudar a ultrapassar a desagradável "guerra" política e cultural em torno das contradições entre cidadania (nacional), pertença, e multiculturalismo. As unidades com que lidamos ao pensar sobre este assunto não têm que (não devem...) ser objectos coerentes: colectivos de pessoas com a mesma cultura, língua, origens, religião, etc.
mva |
18:39|
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