OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


3.12.04  

Calabouço.

Um jornalista duma TV diz que fulano de tal (acho que era Pinto da Costa) iria ou não iria para "os calabouços da Judiciária". O que interessa aqui não é se vai ou não, ou quem é a personagem. O que interessa é o uso da expressão "calabouços". Ela remete para um imaginário medieval, de tortura, mau-cheiro, humidade, ratos e baratas... Em suma, para um imaginário da punição cruel e da prisão como um lugar de sofrimento. Bem sei que as prisões portuguesas devem deixar muito a desejar; e que o nosso sistema judicial e penitenciário é uma desgraça. Mas estimular o gozo da punição cruel é irresponsável. Fazê-lo sem querer, como deve ter sido o caso, é sintoma de uma cultura medievalizante - como no caso dos broncos e broncas gritando insultos "aos pedófilos" à porta do tribunal.

mva | 19:19|