OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


19.11.04  

O príncipe e o sapo.

Lendo O Príncipe de Maquiavel. Encontram-se n passagens de directa apolicação a Bush e à guerra no Iraque. Mas essas deixo para mais tarde. É que também se encontram belas passagens escritas a pensar em Santana Lopes. Ora vejam:

«Aqueles que de simples pessoas se tornam príncipes graças exclusivamente à sorte não têm grande dificuldade em o conseguir, mas muita em tal estado se conservar (...) Além de não saberem, não podem conservar o lugar alcançado: não sabem porque (sic), a não ser que se trate de homens de singular espírito e virtù, tendo vivido sempre em baixa condição, parecem incapazes de exercer o comando; não podem porque não dispõem de forças com que possam contar e lhes sejam fiéis.» Isto poderia chamar-se "Princípio da ilegitimidade, ou quando a boa-sorte vira má-sorte".

«Assim, quem chegar a príncipe com a ajuda do povo deve conservar sempre a sua amizade - o que lhe será fácil, visto o povo só desejar que não o oprimam. Mas aquele que se torna príncipe contra o povo e pelo favor dos grandes deve esforçar-se acima de tudo por aliciar o povo, por ganhar a sua amizade - o que lhe será fácil, se o tomar sob a sua protecção. E como os homens são de tal natureza que, se recebem bem daqueles de que esperavam mal, se sentem mais gratos do que se sentiriam de qualquer outro modo, o povo amá-lo-á ainda mais do que se ele próprio o tivesse eleito». Isto poderia intitular-se "Princípio do paternalismo e da demagogia".

mva | 13:59|