OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


16.11.04  

Até que a lei nos separe.

Óptimos posts sobre casamento no R 'n' V. Fica aqui um contributo/comentário, tirado de um texto que escrevi há pouco (e que ainda não coloquei no Offline, porque há problemas técnicos por resolver):

«Os debates sobre o casamento e o parentesco gay transformaram-se em lugares de intensos deslocamentos de outros medos políticos: em relação à (bio)tecnologia, à nova demografia, às alterações dos modelos familiares, de conjugalidade e de parentalidade, e em relação à própria unidade e à reprodução da nação. O acesso de casais do mesmo sexo ao casamento reconhecido pelo Estado significa a confirmação da perda de hegemonia do parentesco com base na distinção de sexo, formador de género e heteronormativo. Que tal seja desejado por sectores afastados de uma cultura sexual radical e que eventualmente desejem a "normalização", significa apenas que a mudança social se faz a partir da resignificação de "ordens simbólicas" anteriores, mais do que através da reformulação total do mundo tão sonhada por algumas teorias sociais e políticas (incluindo algumas centradas na sexualidade). E até por isso, a exigência do direito ao casamento civil por casais do mesmo sexo acaba por ser, socialmente, mais "revolucionária" do que qualquer postura radical contra uma ideia abstracta de casamento (uma ideia dependente do modelo concreto de casamento patriarcal).» (MVA, 2004, Até que a Lei nos Separe. Casamentos Homossexuais nos Estados Unidos, França e Espanha)

mva | 13:43|