6.10.04
Se os mais novos já não sabiam o que era a censura, ficam a saber.
Pouco importa se gosto ou não das opiniões de Marcelo Rebelo de Sousa. Acho mesmo - e continuo a achar - que o "fenómeno do professor" é um sinal de atraso nacional - na educação, na politização, na ética dos media. Mas nunca defenderia a censura do programa onde ele participa(va). O que aconteceu hoje foi censura: não aquela que é quotidianamente praticada nas famílias, nas escolas, pelos interesses económicos, pelo lobby da ICAR e tantos outros. Não. Desta feita é da mais grave e inadmissível: a do Estado, mesmo que sob a capa de pura pressão ou influência.
Em dois meses este governo conseguiu mostrar o que é a direita portuguesa: um monstrozinho de pacotilha, mas que come os seus próprios filhos. Depois do discurso sem efeito de Sampaio - que o demagogo Lopes, primeiro-ministro não-eleito canibalizou sem pudor - "eles" correm para a frente. Censuram. Cortam pela raiz as suas ervas daninhas. É claro que amanhã (ou hoje...) virão dizer o contrário, afirmar que não se tratou de censura mas de uma decisão da TVI, ou algo semelhante. E nós? Quietos? Não se trata de defender a pessoa ou as ideias de Rebelo de Sousa, trata-se de defender a democracia - algo de que "esta gente" nunca conseguiu gostar verdadeiramente.
Isto já só vai lá com rua. Com muita gente na rua.
PS: O ministro dos assuntos parlamentares, que encarregaram de iniciar este processo, era o tal que vivia aqui no prédio e que mobilizava vários agentes da PSP para não fazerem nada. Os agentes desapareceram, entretanto. Porquê? Parece que o ministro se mudou para a Quinta da Marinha. Já agora ficam a saber.
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