13.10.04
O mistério da terceira pessoa.
Os argumentos contra a adopção por gays e lésbicas vão sempre dar ao fantasma da criança, a famosa terceira pessoa. Mas... e se pensássemos, por pedagogia, na terceira pessoa face a casais hetero? Deixemos de lado coisas que se aplicam igualmente a heteros e homos: violência física e psicológica, abuso, negligência, etc. Pensemos, isso sim, em como no caso hetero, três questões se colocam: 1) os hetero são a maioria, por isso mais crianças estão em risco com heteros; 2) os hetero, ao casarem-se/juntarem-se têm mais probabilidades de se reproduzirem; 3) os hetero podem adoptar no caso das uniões de facto, que proibem a adopção por casais homo. Sendo assim, as crianças nascidas de casais hetero não têm qualquer atenção a montante do seu nascimento: qualquer casal de idiotas incompetentes ou sádicos pode ter filhos. E, em virtude do próprio sistema de parentesco e família em que vivemos, as crianças são expostas (uma vez mais, deixemos de lado as violências físicas) a violências simbólicas terríveis: a "obrigação" de virem a reproduzir-se para "darem netos" aos pais; a "obrigação" de perpetuarem o nome da família através do sistema patrilinear; a violência de serem endoutrinadas segundo os padrões de género que os próprios pais já transportam consigo em virtude da sua associação através da lógica dos sexos diferentes (confundida com a dicotomia de género); a violência de terem que salvaguardar a honra da família nos seus comportamentos, de modo a não a "envergonharem"...
mva |
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