14.10.04
Mais esquerda e direita.
Pacheco Pereira começou hoje no Público um texto sobre a dicotomia esquerda/direita. A sua tese, pelo menos por agora, é que a distinção não faz muito sentido e que o regresso do tema é sintoma de provincianismo e de uma "reacção" (a expressão é minha) ao estado da política, explicável pelo contexto histórico português. Mais: seriam o PP e o BE a promover essa "reacção".
Não lhe nego a possibilidade de razão e até posso concordar nalguns pontos. Mas há que considerar a seguinte hipótese: e se ao recuperarem símbolos como esquerda e direita as pessoas estivessem a querer recuperar a Política, naquilo que ela tem (e isso não é mau, ao contrário do que Pacheco Pereira insinua) de identitário? Sobretudo numa situação onde lhes é atirado à cara constantemente que "eles são todos iguais", que o que interessa é a política concreta x (numa espécie de colonização da política pela gestão de empresas), ou que a imagem dos políticos é mais importante que as ideias?
A "extremização simbólica" do PP e do BE pode e deve ser criticada e controlada. Mas PP (o pensador) esquece que a plasticina do centrão não é necessariamente virtuosa. Interessante, para mim, é que os debates políticos e, sim, ideológicos, penetrem o centrão, como quase aconteceu na campanha interna do PS. Nada de semelhante se vislumbra, todavia, no PSD. E deve ser por isso que está a ser "comido" ideologicamente pelo PP.
mva |
13:11|
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