OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


14.10.04  

E agora para algo completamente fútil.

Confesso que me interessei pelo artigo baseado na pesquisa da antropóloga (física, ou biológica, para quem possa ter ficado confuso...) Cristina Padez sobre a subida da altura média dos portugueses. As razões são pessoais: meço 1,90 m e isso não é pera doce em Portugal. Em primeiro lugar, o relacionamento face-a-face fica comprometido: as pessoas estão sempre "lá em baixo", fico auto-consciente da diferença e tento compensar através de formas de "submissão" verbal e de opinião; em suma, "apago-me". Em segundo lugar, isso tem sido péssimo para a coluna e as costas, pelo que o meu CV já conta com uma operação a uma hérnia discal e vários meses de quase invalidez. E a lista não pára: todas as mesas e cadeiras de todos os cafés e restaurantes parecem-me mobiliário de jardim infantil; as salas de cinema e os aviões são câmaras de tortura; as crianças, na sua infinita mistura de má-criação e ingenuidade, comentam a altura como quem comenta uma freakishness de circo; a altura retira energia, maleabilidade e "jogo de cintura", colocando-me numa espécie de nirvana budista quando em aglomerações humanas, das manifs às discotecas; dormir em camas que não a minha retira-me qualquer vontade de experimentar os hotéis-cápsula japoneses; e por aí fora.

Felizmente a posição horizontal em que por vezes se faz amor é completamente indiferente à altura dos parceiros. Thank God for small mercies, indeed...

mva | 13:22|