OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


13.10.04  

Ainda não estou convencido.

« La mauvaise utopie, c'est celle qui prétendrait réaliser l'harmonie parfaite, éliminer la douleur et tout conflit, rendre chaque individu transparent. C'était en quelque sorte, l'utopie de type soviétique, telle qu'elle s'est manifestée avec l'idée de Paradis soviétique. C'est cette utopie que prétendait avoir réalisé la Chine de Mao et ses propagandistes. » (Edgar Morin, Pour une utopie réaliste, 1996).

Manuel Alegre, Mário Soares, Boaventura Sousa Santos e tantos dos meus "correlegionários" gostam de insistir no valor - e na "necessidade de recuperar" - a ideia de "utopia" (palavra que quer dizer, convém não esquecer, "sítio nenhum"). Mas a palavra continua a provocar-me urticária. Coço-me todo quando a oiço. O leque de emoções e crenças que lhe está associado não bate certo comigo. É claro que, no fundo da minha alergia está o fantasma do "socialismo real"; mas está também o milenarismo, o pensamento religioso e, agora, o "new-agismo". Chamem-me cínico - ou realista - mas prefiro mesmo pensar em coisa fazíveis, e fazíveis no meu tempo de vida...

mva | 16:49|