OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


9.8.04  

VISTO.



Fahrenheit 9/11. A proximidade dos acontecimentos prejudica o filme. Em Bowling for Columbine tínhamos um retrato da América, ao mesmo tempo mais incisivo e intemporal . Neste filme estamos demasiado próximos quer da guerra, quer da disputa eleitoral. Além disso, Moore está a falar de um assunto demasiado grave - a Bushdom - para ser reduzido a uma caricatura. E a sua estratégia de montagem e colagem, embora assumidamente manipuladora e propagandística, acaba por ser demasiado parecida com aquilo que ele pretende denunciar. Este meu relativo des-gosto em relação ao filme não tem a ver com a questão política: é justamente por concordar com a maior parte das posições de Moore que me desilude a sua estratégia. Talvez ela seja eficaz para o público mainstream americano. Mas parece-me demasiado cheia dos tiques da esquerda marginal americana, que nunca consegue sair desse seu estatuto para que foi remetida, enquanto caricatura, pelo establishment.

PS: Será que o público português vai dar pelas referências à Carlyle?

mva | 14:57|