10.8.04
Momento de filosofia.
Um conhecido jornalista de um conhecido canal foi entrevistado por uma conhecida jornalista de outro conhecido canal do mesmo empório. Já de si, a coisa é gira. Mas mais engraçado foi assistir a esta espécie de festival de cumplicidades e sorrisos entre colegas com que as TVs nos premeiam, numa espécie de "entre em nossa casa e partilhe a nossa vida". Pena é que a dita vida não tenha a mais remota ponta de interesse. No caso em causa, o conhecido jornalista (com o entusiástico apoio da conhecida jornalista) entusiasmava-se com a sua própria capacidade de desfiar lugares-comuns, ideias-feitas e clichés, plenamente convencido de que estava a apresentar uma pessoal e inovadora perspectiva das coisas, uma filosofia de vida, um "olhar" pessoal. Querem exemplos? Pois bem: falou de "como somos latinos e mediterrânicos" para explicar o modo de ser e trabalhar; revelou a capacidade de desenrascar como o grande segredo (e, claro, qualidade) nacional; referiu o amor pelo local de origem usando expressões como o gosto de "mexer na terra"; referiu várias vezes os originalíssimos ícones do "Alentejo" e do "Mar"; e, como não podia deixar de ser, contou-nos da sua descoberta de como "Lisboa é linda" (e, sim, sim, adivinharam, a razão para tal é... - tã-tã-tããã! - a LUZ!). Confesso que me desiludiu um bocadinho, porque não falou dos Descobrimentos, do Euro 2004 ou do clima (oops, chove lá fora neste momento...).
mva |
11:16|
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