OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


19.8.04  

Cosmopolitismo.

Nos últimos tempos, pessoalmente ou por interposta pessoa, circulei por meios muito diferentes. Nos extremos, um universo beto - especificamente o que no "meu tempo" (expressãozinha detestável!) se chamava "queque" - e um universo revolucionário-alternativo. Em ambos sinto-me completamente à nora. No entanto, tão-pouco tenho qualquer vontade de me refugiar numa classe média ou pequena burguesia aflitas com manifestações de exclusividade ou extremismo; ou em universos de intelectualismo, chatos e assexuados (ou hipersexuados...). Em suma: abomino tribos. Tudo o que é tribal é limitativo - e graças a d_ _ _, não sofro de necessidade de identificação grupal para me sentir pessoa. Fascínio mesmo, tenho-o pela figura do cosmopolita, independente e flâneur, capaz de conhecer todo o tipo de gente, na base da apreciação individual, capaz de criar uma rede de amigos (e não de integrar-se num grupo de amigos). Curiosamente, este é o tipo social que os totalitarismos e os dogmatismos mais odeiam e mais perseguem (vide acusações de cosmopolitismo contra os judeus por Hitler, contra toda a gente por Stalin, contra mulheres libertadas e gays pela ICAR, contra os adversários pelos políticos populistas...). Pronto, já chega de auto-congratulação...

mva | 20:01|