OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


29.7.04  

Ditaduras.

Aconteceu há dias aqui na Zamba com um checo. Já não é a primeira vez que conheço pessoas de Leste que demonstram, junto com um aparente savoir vivre, ideias que eu considero reaccionárias e que vão desde o elogio absoluto do mercado até visões sociobiológicas. Percebe-se (mesmo que não se aceite) perfeitamente. Sair duma ditadura dita socialista gera efeitos diferentes dos de sair de uma ditadura católico-provinciano-fascistóide como as ibéricas. É que o fim das segundas gera a sensação de se ter saído de algo de Antigo, de um conservadorismo que, mais do que proposta política, é semelhante ao estado das coisas, familístico, religioso, preconceituoso ('naturalmente' reaccionário). O fim das primeiras, pelo contrário, gera a sensação de se ter saído de uma engano desonesto, onde a utopia de um mundo mais solidário se revelou uma enorme trapaça. Efeitos da globalização e pró-americanismos à parte (e diferença de contexto histórico), não será por isto que ibéricos e Leste-europeus reagiram de forma tão diferente à adesão à adesão à UE?

PS: que não se veja neste post nenhuma suavização das ditaduras de direita!

mva | 19:51|