OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


26.6.04  

Trocadilhos perigosos.

O rodapé do telejornal da RTP diz, em relação à Marcha lgbt, que teve escassa adesão (a TVI, também, fala em 400 pessoas, quando a polícia falava em 3.000) e que "foi criticada por alguns activistas pela partidarização". Eu sei quem disse isso: António Serzedelo e a Opus Gay. Os mesmos que recusaram o convite para co-organizar a marcha; os mesmos que, depois, manipularam os media proclamando-se organizadores; os mesmos que agora lançam estas calúnias.

A partir de agora, Serzedelo e a Opus Gay são moral e politicamente responsáveis pela desgraçada cobertura mediática da Marcha, ao oferecerem este triste sound byte. Com atitudes assim, não há argumento de unidade que tenha pés para andar; a separação total e completa - e, sim, o confronto - é a única solução positiva. No próximo ano, as associações organizadoras da marcha deveriam mesmo propor o impedimento da presença institucional (que não das pessoas que a ele pertençam, é claro) daquela organização, cujos contornos políticos se aproximam cada vez mais claramente de uma estratégia de boicote do movimento lgbt.

A ironia do seu nome perde-se de vez, e o carácter de associação secreta reaccionária aproxima-a da organização que inspirou o trocadilho.

mva | 20:36|