OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


8.6.04  

Púdico Público.

Aqui está a notícia da TSF a que o Ivan Nunes se refere e que ontem li comentada já-não-sei-em-que-blog:

«Em causa está uma notícia sobre Manuela Ferreira Leite. Na abertura da Secção Nacional do «Público» estava escrito que a ministra das Finanças não tinha explicado por que não estaria isenta de coima fiscal mas, nesse mesmo dia, a ministra desmentiu a notícia através de uma nota pessoal dirigida ao director do jornal. José Manuel Fernandes pensou em publicar a nota da ministra, tendo este trabalho sido dado pela editora da Secção Nacional, Ana Sá Lopes, ao jornalista João Ramos de Almeida. O director propôs ser ele mesmo a escrever o artigo mas, Ana Sá Lopes considerou que isso não fazia qualquer sentido e pediu ao jornalista para tratar a informação. A notícia foi paginada mas nunca chegou a ser publicada, porque a direcção decidiu retirar o artigo. Ana Sá Lopes demitiu-se. José Manuel Fernandes falou com a editora e disse-lhe que tinha perdido a confiança nela e já há muito tempo que não confiava em João Ramos de Almeida. Disse ainda que a notícia não tinha sido publicada porque a ministra não queria que fosse o jornalista a tratar do assunto. O Conselho de Redacção questiona, em comunicado, se se trata de censura, considerando que a notícia é inatacável e deveria ter sido publicada. Outro comunicado foi, entretanto divulgado, assumindo a demissão de funções porque o director disse que não se reunia mais com aquele órgão.»

Gosto bastante dos textos de Ana Sá Lopes. E o João Ramos de Almeida (e ele que me desculpe, mas há-de ser sempre o "Janeca") era um dos meus melhores amigos no liceu e se há coisa que sempre me impressionou positivamente nele foi a rectidão (que às vezes até nos parecia, aos outros amigos do grupo mais "baldas", exagerada!...). Estas minhas afinidades electivas valem o que valem e nada têm de objectivo. Mas gostava de saber de onde virá a "desconfiança" de JMF em relação a eles? E porque não transparecem estes conflitos no próprio jornal? Afinal um jornal é também um espaço comunicacional ou é apenas uma empresa e produto? Por que têm que ser os outros órgãos de comunicação social a dar conta destes conflitos? Porque não os assume o Público perante o seu... público?


mva | 20:09|