OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


21.6.04  

Partilha de trabalho II

Mais uma. Outro dia no debate sobre casamento - que foi muito bom - às tantas pairou a ideia de que a reivindicação do direito ao casamento lgbt, sendo na aparência uma exigência "conservadora", acaba por ser "revolucionária". A minha colega Kath Weston, que tem estudado o parentesco e as famílias gay e lésbicas, termina o seu texto Romancing the Real (também traduzido pela CM, para a mesma colectânea sobre género e sexualidade que estou a editar)assim:

«As famílias lésbicas e homossexuais masculinas não podem ser desvalorizadas enquanto ficções erigidas sobre um modelo heterossexual de constituição do parentesco. No entanto, elas incorporaram símbolos prevalecentes e apelos à autenticidade de tal maneira que é difícil separar as construções dominantes da família das "alternativas". Através do paradoxo e da inversão - as relações de sangue são escolhidas, laços duradouros criam famílias verdadeiras - as ideologias homossexuais do parentesco recorreram a categorias comuns para gerar significados menos comuns. Por vezes, com as ideologias como com as relações duradouras, plus c'est la même chose, plus ça change. Quanto mais as coisas ficam na mesma, mais elas mudam.»

Hummm...

mva | 14:47|