OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


7.5.04  

De Cabo a rabo.

A TV Cabo é o meu monopólio - perdão, a minha empresa - favorita. Quando mudei de casa tive o privilégio de conhecer, ao vivo, e por telefone, cerca de duzentos e trinta e nove funcionários; abriram-me meia dúzia de contas sem as ter pedido; propuseram instalar o "serviço" umas dezassete vezes, e em meia dúzia de moradas, quase todas inexistentes. É uma empresa muito divertida. Depois, dedicam-se a "oferecer" o que eles chamam "novos canais", que é uma forma caturra de não ter que explicar porque desaparecem outros tantos.

Mas as moças e os moços do trabalho precário - porque um grande monopólio, perdão, empresa, não tem dinheiro nem visão social para dignificar os seus trabalhadores - ficam sempre muito espantados com a minha reacção. Como é que se lida com um sujeito que diz que não quer um canal de filmes de "acção"? Que não tem o mais pequeno interesse no canal de futebol porque o futebol lhe entra pela casa adentro nos outros canais todos? E - espanto dos espantos - que não quer o Sexy Hot porque não gosta daquela pornografia. (Normalmente a conversa pára quando ele lhes diz qual a pornografia de que, essa sim, gosta, só que a TV Cabo não oferece...).

Mas é divertido: uma pessoa sempre vai tendo uns telefonemas e passa uns momentos de boa camaradagem. Bem hajas, TV Cabo, adoro-te de fio a pavio, perdão, de cabo a rabo.

mva | 11:03|