OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


24.4.04  

VISTO.



Carandiru. Já com A Cidade de Deus tinha tido semelhante sensação: a de estar perante uma espécie de "voyeurismo de classe". Isto é uma coisa universal, mas mais forte em contextos com forte apartheid social, como o Brasil. Carandiru é claramente inferior, mesmo assim, à Cidade, porque falha também como filme, sobretudo na adaptação e num argumento cheio de não-explicados. Fica-se aliviado por ver a prisão ser implodida, por saber que ela não existe mais. Pois: mas onde estão agora aquelas pessoas? Não importa: estão no imaginário e nos fantasmas de quem se sente bem por estar fora da prisão, por estar fora da marginalidade e da pobreza. Sobra, todavia, uma coisa boa: a quantidade de bons e boas actores e actrizes negr@s que o filme ajuda a "revelar".

PS: Insuportáveis, os risinhos (infelizmente sobretudo femininos) do público durante as cenas com transexuais e/ou travestis!

mva | 11:24|