OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


13.4.04  

Regresso a Lisboa.

Regresso a Lisboa. Sempre a mesma sensação na recolha das bagagens no aeroporto: um cheiro denso, como que a pó velho, que quase se corta; agora decorado com propaganda do Euro 2004 até à exaustão, tornando ainda mais acanhado o espaço. Já perto de casa, dois grandes cartazes: "Abril é evolução". Afinal era verdade, o slogan, não era piada anti-Barrosista, a não ser que Barroso seja o melhor imitador de si próprio (o que é perfeitamente possível).

As férias? Como sempre, é difícil fazer, e ainda bem, uma narrativa de dias de papo para o ar. Mas acontece muito que, numa qualquer viagem, a recordação mais forte seja de um mini-episódio, algo de irrelevante, mas que de alguma forma condensa sentidos. Saía dum bar gay muito simpático dedicado a musicais. Ainda se ouvia o "Cabaret" quando eu já estava à porta. De repente, do restaurante em frente, vem o som de música "norte-europeia": valsas, mazurcas, ou coisa assim. Um grupo gigante de islandeses de meia-idade dança as suas canções "populares" com entrega nostálgica. Durante uns segundos, fiquei parado, no ffriendly fire cruzado de um cabaret gay e de uma festa de acordeão num campo verde com uma igreja branca.

mva | 15:59|