5.4.04
Clandestinidade.
Reportagem da SIC sobre adolescentes homossexuais. O que me acertou em cheio não foi a qualidade ou falta dela, a perspectiva errada ou correcta, a irresponsabilidade ou não de Daniel Sampaio. Foi uma coisa mais "profunda", ao nível do estômago: como é possível que vivamos numa sociedade onde até os poucos jovens que têm consciência dos aspectos sociais da sua sexualidade sentem necessidade de esconder a cara? Triste, triste, triste.
Não me sobra a mais pequena simpatia pelo "sofrimento" dos pais ao saberem que um filho é gay ou uma filha é lésbica. Recuso-me a fazer o mais pequeno esforço por aceitar a "empatia" de Daniel Sampaio com esses pais. E escusado será dizer que não me sobra um grama de "compreensão" ou "paciência" pela incapacidade da classe política de esquerda em mudar este estado de coisas no plano dos apoios legais para a melhoria da vida dos cidadãos lgbt.
(Curiosamente estas reportagens remetem sempre tudo para o campo psicologizante; nunca entrevistam a classe política e os governantes; como se as questões de sexualidade fossem apenas "dramas pessoais", resolúveis apenas quando as pessoas "forem tolerantes". As TVs são supostas fazer jornalismo, não apenas human interest stories).
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