OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


5.3.04  

MEDIAWATCH.
Obra feita.


Miguel Sousa Tavares "adiantou-se" e escreveu hoje sobre algo que me tinha vindo à cabeça para um post, depois de ter visto as imagens de Avelino ferreira Torres passando-se (ou fingindo que se passava, o que é mais comuns nas manifestações macholas...). De facto, faz impressão ouvir dizer, em relação a capangas autárquicos e outros, "mas lá que ele tem obra feita, tem". A pergunta que se impõe é: mas não é essa a obrigação de todo e qualquer ocupante de um lugar público, sobretudo de administração local?

Em sociedades pequenas, muito hierarquizadas e desiguais, como por exemplo as clássicas vilas e aldeias da bacia do Mediterrâneo estudadas pela antropologia dos anos 50, 60 e 70, era (pelos vistos, é) comum encontar a figura do patrono: um homem poderoso que conquista o apoio daqueles que explora fornecendo-lhes serviços e benesses que deveria ser o Estado a fornecer e aos quais os explorados - designados como clientes - teriam simplesmente direito. É esta a diferença entre o patrocinato de Antigo Regime e a cidadania moderna.

Só que agora já não se trata de pequenos latifundiários (?) locais. Agora estes patronos têm clubes de futebol, dão dinheiro para partidos, fazem-se eleger deputados e sabe-se lá que mais.

mva | 15:53|