OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


5.3.04  

Este post é fundamental.

Ainda há (ou já há?) quem pense como deve ser. Não há coisa que mais me irrite que a pessoa que diz, como desculpa para racismos de baixa intensidade, que também os pretos são racistas com os brancos ou que os heteros não manifestam a sua identidade tanto quanto os gays... Copio apenas a parte que me interessou mais:

«Palestina e o mito da simetria
Na sequência das trocas de argumentos entre Daniel Oliveira, Alberto Gonçalves e Francisco José Viegas acerca da polémica da Palestina (e das aspas), Vital Moreira toca num ponto que creio ser fulcral. Com simplicidade e maestria ele desfaz o ardiloso argumento da simetria, das ambições dos projectos expansionistas de Israel e a Palestina, para notar que há um elemento que faz toda a diferença, isto é, a assombrosa desproporção nas relações de poder. De facto existe uma tendência para se sustentarem leituras simétricas, aparentemente ingénuas, que frequentes vezes se mostram deliberadamente incapazes de captar como determinados discursos operam, em determinados momentos, ou como assunções de superioridade que têm o poder e as condições de possibilidade para reduzir o outro, ou como discursos afirmativos que mais não são do que resistências, lutas pela sobrevivêncoa de um povo. Incomoda-me essa estratégia insidiosa por via da qual os discursos dos grupos oprimidos são chamados para o mito da simetria: "eu chamo-lhe preto, mas ele pode-me chamar branco", "há o dia da mulher e não o do homem porquê?", "há bares gays, porque é que não há bares hetero?". »

mva | 18:53|